Alguém já disse que o Brasil é um país de oportunidades perdidas. Parece que estamos deixando mais uma escorrer pelos dedos.
E é Bolsonaro, cuja eleição ainda cheira à urna, o protagonista desse novo desperdício.
Bem ou mal, ele foi a maioria em 2018. E, se houver nova eleição hoje, é bom desconfiar que continua sendo.
Um motivo que deveria inspirá-lo governar para frente e para todos.
Mas, não.
O homem gasta todo o tempo de olho no retrovisor, governando para trás e caçando inimigos e culpados para as crises criadas no seu próprio quintal.
Da boca do bolsonarismo, o estímulo ao festival de teses conspiratórias.
O STF é comunista. O STF que confirmou as condenações de Lula e que impediu todas as manobras do líder da ‘esquerda’ para disputar a eleição?
A imprensa é esquerdista. A mídia que o PT chamava de golpista pela cobertura vigilante que expôs as vísceras do maior escândalo de corrupção da história do Brasil e cuja consequência pavimentou novo movimento nas ruas?
O Congresso golpeia as boas intenções do Governo. O que cassou Dilma e agora é adornado pela forte novos mandatos, produto da onda bolsonarista?
Sergio Moro é um traidor. O ex-juiz que desmanchou uma quadrilha e abriu caminho para um novo patamar de consciência coletiva nacional de pouca harmonia e tolerância com o crime do colarinho branco?
A mais nova no pedaço digital. O Exército é covarde e tem até viés de esquerda porque hesita em promover uma nova ruptura política e social. Inusitado? Não, ridículo.
Os inimigos que o bolsonarismo hoje exorciza e atribui culpas pelos seus descaminhos são os que os seus adversários odiaram em recente passado. E, certamente, continuam odiando.
Mais produtivo seria o presidente espantar seus fantasmas e delírios conspiratórios, largar um pouco a política ideológica de lado e começar a governar.
Ele recebeu essa chance de milhões. O cambaleante Brasil não aguenta mais uma oportunidade pelo ralo.