A vida só não voltará ao normal para quem morrer – Heron Cid
Opinião

A vida só não voltará ao normal para quem morrer

8 de maio de 2020 às 16h16 Por Heron Cid

O debate visceral sobre o isolamento social chega a ser exaustivo. Gasta paciência e energia debater o óbvio. A discussão entre renda e saúde já nasce enviesada e equivocada.

É consenso que todos precisam do emprego, mas sem saúde não há condições de sustento. Não há CNPJ sem CPF. Ponto.

Intransigir nesse ponto é como obrigar um paciente a trabalhar. E nesse momento somos todos potenciais pacientes ou candidatos a transmissores.

O índice de letalidade da covid-19 no Brasil se aproxima de 7%, 6,78% para ser exato. Isso significa que 93% dos doentes são curados. Sim.

Um dado que, infelizmente, não dá para comemorar. Ninguém quer estar entre esses 7%. Ninguém quer um parente na estatística desses 7%.

Chegar a ser cruel pensar ou defender o contrário. Pregar que todos ignorem os riscos e voltem à vida normal é abertamente admitir a cena de de irmos voluntariamente ao campo de concentração porque 93% por cento se salvarão do holocausto. Os 7%… Ah, morreriam de todo jeito!

Todos morreremos um dia. Mas, que tipo de humano somos se relativizarmos a vida ao ponto de sentenciarmos que uns podem ir logo? Quem mandou ser idoso ou possuir comorbidades?

Sem vacina, o mundo ainda não desenvolveu outra saída. O isolamento social é a única forma de fechar a porta da casa para o coronavírus. Não é 100% eficiente. É a autodefesa técnica, científica que temos, para elevar o grau de proteção contra esse inimigo invisível.

Estamos amargando perdas? Gigantes e incalculáveis. Estamos ficando mais pobres? Sim, e demoraremos, todos, a recuperar os graves prejuízos.

Tal qual num pós-guerra, haveremos de recomeçar. Vai custar muito, até superarmos, e já superamos outras vezes na história. Mas, como arremata feliz frase de campanha institucional do Governo da Paraíba, “a vida só não voltará ao normal para quem morrer…”

Quando tudo isso passar, se tivermos de nos arrepender que seja pelo erro do excesso de cuidados. Nunca o arrependimento com o gosto amargo da omissão ou de ter feito pouco.

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