Tão logo a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça bateu o martelo e decidiu manter solto o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, as reações políticas pipocaram.
Aliados do ex-governador receberam a decisão com alívio. O deputado Gervásio Maia, presidente estadual do PSB, considerou que o STJ garantiu que a aplicação das leis brasileiras foi respeitada.
“O país não aguenta mais ver o sentimento de impunidade. Estamos falando de uma investigação que já gravou a voz do próprio Ricardo cobrando propina e pedindo para passar para o irmão (Coriolano)”, bradou o tucano Pedro Cunha Lima, presidente estadual do PSDB.
De um lado, certa cautela. Maia não quis imediatamente faturar politicamente em cima do desfecho do STJ e nem colocar Ricardo de volta ao jogo eleitoral de 2020.
Do outro, a expressão da indignação política de quem esperava punição severa para o acusado de chefiar organização criminosa responsável por desvios milionários, com direito a um réu confesso, o principal operador, Daniel Gomes, o chefão da Cruz Vermelha.
Simpatizantes de Ricardo esperam, discretamente, pela sua reabilitação no xadrez. Coisa aparentemente difícil no momento dado o grau da gravidade do processo que o envolve direta e completamente.
Adversários não escondem o sentimento de frustração e decepção. Uma pelo salvo conduto do STJ e outra porque o acórdão de ontem permite algum fôlego a Coutinho, até então asfixiado pelos efeitos das acusações do MP, de ex-secretários e de delatores.
Tudo isso dá uma noção da temperatura política na Paraíba. Pelos próximos anos, especialmente agora em 2020, ela será inevitavelmente medida pelo termômetro da Operação Calvário.