Em “O fole roncou – Uma história do forró”, os jornalistas Carlos Marcelo, paraibano, e Rosualdo Rodrigues, mineiro, fazem um passeio pela fundação, afirmação e consolidação do ritmo típica e emblematicamente nordestino.
Entre as histórias, uma dolorosa. Marinês, a Rainha do Xaxado, nos estertores de sua produtiva existência, minguava de prefeitura em prefeitura em busca de um cachê para apresentações.
A mesma Marinês, numa ida a uma feira em Lagoa Seca, viveu a felicidade de ser reconhecida por uma pessoa. A lembrança confortou seu coração que não estava “acostumado a ser maltratado”.
Na obra, resultado de rica pesquisa, uma constatação que nos toca muito; a presença relevante e decisiva da Paraíba na construção do que foi e ainda é o forró, que deixou de ser uma dança, uma música e passou ao patamar de instituição.
É, sem disputa, a arte de maior identificação de nossa região.
Relevante e autêntico, o forró invoca e canta por um comprometimento além do entretenimento, da diversão, da cultura.
Uma política pública para o forró – esse nosso patrimônio imaterial – não é nenhum exagero. É coerente e necessário.
Promover sua execução em eventos culturais, o seu conhecimento via ensino escolar, o fomento à pesquisa acadêmica sobre sua estética, o apoio à produção e difusão e manutenção de sua identidade.
São formas e meios para preservar suas características, originalidade, referências, e garantir que as próximas gerações continuarão conhecendo e reconhecendo o forró como símbolo de uma cultura e explicação sobre parte dos nossos gostos, geografia, afetos, preferências, sotaque, e costumes.
Um estado que projetou Jackson do Pandeiro, Antônio Barros, Cecéu, Marinês, Abdias, Zé Marcolino, Os Três do Nordeste, Genival Lacerda, Elba Ramalho, Rosil Cavalcanti, João Gonçalves, Flávio José, e tantos outros artistas e compositores anônimos, não pode lembrar e sentir o forró apenas nos 30 dias de São João.
Neste 13 de dezembro, nascimento de Luiz Gonzaga e Dia do Forró, é uma oportunidade de pensarmos que podemos fazer desse ritmo, visto por muitos entre nós como superado, mais do que uma história do passado, mas assunto e temática sempre presentes. E com força para, vencer o tempo, e se perpetuar no futuro.