Era ainda estudante da UFPB, quando abria o Jornal da Paraíba, já extinto, e ia direto para Arimatéia Souza, o piloto da coluna Aparte.
Produzida a partir de Campina Grande, o conteúdo sempre teve olhar e atenção para o todo da cena política do Estado.
Notas curtas, texto direto. E foco nos bastidores. Um diferencial no mundo dos espaços opinativos.
Opiniões mesmo nas entrelinhas.
Um título geral, sacadas e uma frase final sempre pronta para instigar reflexões e leituras. Uma espécie de gostinho de quero mais.
Uma postura editoral bem ao estilo do mandamento de Armando Nogueira, o fundador do Jornal Nacional. Críticas sem ofensas e elogios sem bajulação.
Viciei-me.
Num dos nossos raros contatos, já como seu concorrente de coluna no Correio da Paraíba, partilhei minha emoção ao ler o relato da morte de sua mãe. Me identifiquei com a história de minha avó, dona Nuita.
Noutro, ouvi dele a narrativa dos reclames de sua esposa em protesto contra a integral dedicação ao jornalismo. Ele vinga-se, sempre que pode, quando flagra a professora – a companheira – assoberbada nos fins de semana corrigindo provas.
Craque do jornalismo paraibano, Arimateia Souza chega à milésima coluna, um golaço, sem nenhum sinal de cansaço e nem qualquer inclinação para pendurar as chuteiras.
Ele é pura vitalidade. Só o fulgor pelo jornalismo explica a sua agitada jornada diária e multifacetada atuação (hoje) na Internet, no rádio e na televisão, veículos que pontua com a mesma marca: o equilíbrio.
E parte para nova fase profissional sem se desconectar dos juramentos pessoais ao ofício que abraçou com aplicação de monge.
Nisso, também nos identificamos em momento similar.
Em trinta anos de exercício ininterrupto, Ari, como os amigos mais próximos tratam-lhe, tem essa sede porque bebe de uma fonte pura e inesgotável: a paixão sincera pelo jornalismo, na sua essência.
Não pelo que a profissão pode oferecer em troca.