O Hospital Napoleão Laureano, prestador de relevantes e serviços e casa de salvação de pacientes do câncer na Paraíba, vive nova crise. Nada nem tão novo assim porque o drama é recorrente. Dessa vez, pacientes reclamam de interrupção de tratamentos e suspensão de quimioterapias, recurso fundamental para quem luta contra a doença.
O serviço funciona nadando contra a maré e sempre dependente de emendas parlamentares ou campanhas filantrópicas. A nova crise alerta a Paraíba de que chegou a hora de esse tipo de tratamento deixar de ser refém exclusivamente do modelo atual, gerenciado por instituições, como a Napoleão Laureano, e a Fundação Assistencial da Paraíba, em Campina Grande.
As duas vivem de repasses do SUS, das prefeituras, do Estado e do Governo Federal. A tabela SUS, defasada ao extremo, não atende os custos e o ciclo se repete, todo ano, a bancada federal precisa alocar recursos para garantir o custeio.
Essa lógica é perversa com os hospitais e, principalmente, com os pacientes, cujo tratamento ininterrupto não pode ficar refém da esmola anual do Orçamento da União ou de campanhas de doação. Ou pelo menos não deveria.
Além do que, as duas unidades já não comportam as demandas de uma população superior a quatro milhões de habitantes. Basta passar uma manhã no Napoleão Laureano para ver as filas de gente e de ambulância. Nem todos conseguem atendimento. A primeira vitória do doente é entrar na fila.
O que significa a necessidade de preservação do funcionamento digno desses hospitais, mas também de ampliação do serviço, que não pode se manter exclusivamente delegado a fundações e hospitais privados. O Estado tem o dever de assumir essa responsabilidade e sair da zona de conforto de se resumir a mero agente de repasses.
É preciso agir e pegar esse pião à unha. João Pessoa já comporta outro hospital para complementar o serviço oncológico. A Paraíba que teve a competência para erguer e manter uma unidade de tratamento do coração e cabeça, o Hospital Metropolitano de Santa Rita, deve ter pulso para dar uma resposta real e concreta a esse drama de pacientes e familiares.
A boa notícia dessa história toda: o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, concorda!