Aos poucos, ao seu modo, e sem alarde, o governador João Azevêdo (PSB) vai delineando, sob sua própria medida, o perfil do projeto de gestão.
Azevêdo não esconde de ninguém que se norteia pela continuidade do modelo administrativo, inaugurado na Paraíba pelo ex-governador Ricardo Coutinho, no geral bem sucedido por sinal.
Se usa a régua de gestão do antecessor, o compasso da condução política de João é notadamente diferente.
Esse diferencial não precisa ser dito. Ele é sentido. Até a renhida oposição reflete, e reconhece isso, na Assembleia.
O líder da oposição, Raniery Paulino, e o combativo deputado Wallber Virgolino, já elogiaram publicamente alguns atos e posturas do novo governante.
Três exemplos práticos demonstram esse novo ambiente na prática.
Secretários do governo estão indo à Assembleia para dar explicações sobre problemas. Uns convocados, outros espontaneamente. E, detalhe, estimulados e liberados pelo governador e articulados pelo líder Ricardo Barbosa.
Geraldo Medeiros, da indispensável Saúde, já está pronto para atender convocação. Jean Nunes, da complexa Segurança, ao saber do convite para uma audiência pública, ligou para a deputada Camila Toscano, autora da proposta, se dispondo ao debate. Impensável momentos atrás.
A aprovação do PCCR dos agentes penitenciários é outro registro. Da solenidade, o ‘neófito’ João saiu bafejado por elogios. De uma categoria até então em conflito com o governo, Azevêdo arrebatou aplausos de pé.
Por último, a recomposição do diálogo interpoderes (TJ, TCE e MP), além de órgãos como UEPB e Defensoria, palcos de ruidosos atritos.
Eventos que têm permitido certos deputados aliados à projeção de um governo de superação de resultados e metas, como fez hoje o presidente da Assembleia, Adriano Galdino.
Se cumprida a profecia, bom para Ricardo. Mostrará que ele acertou na escolha.
Os cenários, à bem da verdade, são distintos. Na primeira fase, Ricardo era o homem certo, na hora certa, para fazer combate e enfrentamentos e estabelecer o governo de ruptura a que se propôs.
O momento agora é outro. Lançadas as bases, superadas pedras no caminho, a conjuntura receita nova postura e distensão. Um figurino que se apropria à silhueta da personalidade conciliadora e comedida de João.
Como no Eclesiastes, cada coisa no seu tempo.