No seu melhor momento, a base política do PSB na Assembleia não se entende quanto ao que deveria ser uma simples escolha da próxima presidência da Casa. Esse é um grande paradoxo no fechamento de um ano de glória do Jardim Girassol. Mas não o único.
O da vez é o repentino encaminhamento da Granja Santana para uma votação aberta da eleição da Mesa Diretora da Casa.
E a mensagem explícita que se passa, para dentro e para fora, não poderia deixar de ser desconfortável para os deputados que permanecem e os que se despedem do Poder.
É a declarada desconfiança sobre aqueles que foram às ruas empenhados pela eleição de João e continuidade do “projeto”, agora na iminência de serem escrutinados até num processo interno por natureza e princípio constitucional.
Dois projetos de resolução tramitam: voto aberto e eleição antecipada para a Mesa. Resumo; votos ferrados é o que se pretende.
Algo inimaginável e que poucos deputados do baixo clero se permitiriam levantar numa Câmara Federal ou Senado, os parâmetros mais lógicos.
O jogo bruto até seria compreensível politicamente, não justificável, se houvesse o risco de um adversário arrebatar a caneta de mãos governistas.
Tinha algum sentido quando o plenário era comandado por um adversário juramentado, Ricardo Marcelo, em que se valiam todos os esforços e até manobras para vencê-lo.
Mas, agora, com folga e nenhum sinal de rebeldia ao comando de João Azevedo, qual é a justificativa plausível para tanta energia, pressão, desgaste e suspeitas?
Com uma oposição praticamente reduzida a poeira, o governo não tem mais com quem digladiar.
Na falta de adversário à altura, o Palácio entrou em conflito consigo mesmo e está prestes a assumir o risco de descambar, desnecessariamente, para uma intrigante autofagia, e de alimentar uma silenciosa, porém perigosa, insatisfação da coluna que o mantém de pé.