Está mais do que claro de que a concepção do programa Mais Médicos foi mais de colaboração político-ideológica do que convênio de cooperação em saúde.
A forma sigilosa como o governo de então, comandado pela ex-guerrilheira Dilma Roussef, tratou toda a negociação, que ao final mandava cerca de R$ 60 milhões/mês para a Ditadura dos Castro a título de “investimentos” no sistema de saúde cubano.
O “viés ideológico”, para usar um termo bem difundido pelo presidente eleito, fica ainda mais evidente na forma como Cuba rompeu, unilateralmente, o acordo, sob o argumento de não aceitar novas regras sinalizadas.
Impasse formado, em que pese a contribuição inestimável da presença dos médicos da Ilha nos grotões brasileiros, o problema que fica é do Brasil e são os brasileiros que devem equacionar.
O Mais Médicos, importante programa criado por Dilma e que conta com profissionais de várias partes do mundo, não pode e nem vai acabar. A saída dos cubanos não decreta o fim dele, mas o recomeço – agora com novos moldes.
Tanto que o novo edital aberto pelo Governo Federal precisou ser ser prorrogado em razão da alta demanda de inscritos.
Novos médicos chegarão e suprirão a falta dos que estão de melancólica partida do Brasil, muitos dos quais desejosos de ficar para sempre e nunca mais voltar, não fossem o fato de suas famílias estarem impedidas, numa estratégia da Ditadura de Cuba.
Mas nem de longe podemos cair na ilusão simplista de resumir o desafio da saúde ao número de profissionais médicos. O buraco é mais embaixo e vai da atenção básica, atendida pelo programa, aos hospitais e alta complexidade.
Portanto, superado o debate ideológico, em parte alimentado pela revanche da eleição que ainda não acabou, o que o Brasil e os brasileiros querem, por ora, é menos barulho político e Mais Médicos.