Em 14 de março, este Blog, pretensiosamente, alertou em artigo: A oposição e o risco de uma anticandidatura. Naquela ocasião, a análise era sobre o barco à deriva que se tornou o agrupamento político após a desistência do prefeito Luciano Cartaxo (PV).
Dizia o texto à época: “(…) a Oposição, que há tempos não se entende, e só tem unidade da boca pra fora, brincou de favoritismo, se esfacelou e, depois do movimento abrupto do prefeito Luciano Cartaxo, corre o risco de, desprovida de alternativas com a resistência do prefeito Romero Rodrigues, recorrer ao instrumento do anti-candidato.
“É o que se desenha, por exemplo, quando são ensaiados os nomes de Pedro Cunha Lima, Lucélio Cartaxo e do vice-prefeito Manoel Junior. Quadros que – pelo desempenho pessoal – até podem surpreender no curso da campanha. Mas já entrariam nela com um peso desconfortável nas costas; o de ser candidato pela falta de candidato”.
Mais adiante, em 9 de abril, outra constatação em novo artigo intitulado de “Um abacaxi nas mãos da Oposição”. Nele, a reflexão sobre a conjuntura depois das desistências de Luciano e a declinação do prefeito Romero Rodrigues (PSDB), que, antes, se postou como obstáculo a Cartaxo, e a posterior aparição de Pedro Cunha Lima e Lucélio Cartaxo como tábuas de salvação.
“Mergulhada numa Torre de Babel, dispersa por muitas línguas e credos, a Oposição tem um duro deserto a atravessar até as convenções, em julho próximo. O primeiro desafio é responder a uma singela e inquietante indagação: se o governo ou modelo de gestão de Ricardo Coutinho é tão ruim, como pregam vorazmente seus líderes, por que os principais candidatos – apesar da posição de vantagem nas pesquisas – não toparam o embate?”.
O preâmbulo é só para chegar a uma obviedade: quando assumiu o leme do barco de uma oposição frágil e fragmentada em duas candidaturas, o ex-candidato ao Senado Lucélio Cartaxo enfrentou uma maré contra todo tempo batendo na sua proa e a exigir todo o esforço do mundo para não permitir o naufrágio.
Lucélio só virou comandante da embarcação praticamente um ano depois do lançamento do seu principal oponente, João Azevedo (PSB), e entre águas agitadas provocadas pela tsunami da discórdia gerada pela candidatura – fora de previsão – do senador José Maranhão.
Para quem chegou no meio dessa tempestade, Lucélio até que segurou a onda e mostrou-se um resiliente obstinado. Não se aborreceu, não olhou para trás, não reclamou e tocou a nau para frente com os instrumentos que tinha à disposição, costurou uma coligação com representatividade e fez alianças importantes.
Inaugurou a presença nos debates com certa insegurança. Aos poucos, foi ganhando firmeza e vencendo limitações próprias de quem nunca havia encarado um desafio tão complexo, delicado e tenso.
Superou-se no contato corpo a corpo nas ruas, a conversa direta com o eleitor e na paciência de ouvir as pessoas e auscultar lideranças, muitas das quais queixosas de falta de estrutura para compromissos mínimos nos municípios.
Foi alvo de intensa boataria e fake news de desistência até as convenções, depois de retirada de candidatura em plena campanha e a dúvida quanto à sua posição nas pesquisas. Nessa matéria, precisou ser paciente e resignado até ultrapassar a candidatura de Maranhão e assumir a segunda colocação no páreo.
Mas era tarde demais. João já havia ultrapassado a ambos como um submarino, invisível e rápido.