Na década de 1970, o Brasil estava mergulhado no auge da Ditadura Militar. Até para deputados, era um perigo criticar violações de direitos humanos.
Sem muitas opções, um grupo de 23 deputados – conhecidos como autênticos – pressionou o moderado Ulysses Guimarães a endurecer com os militares.
“O grupo tinha clara determinação de fazer a abertura, o fim dos atos institucionais, principalmente o AI5, a anistia, o retorno dos direitos civis, voto, etc., mais o fim da censura, repatriamento dos exilados e devolução dos direitos aos cassados”, relembra o ex-deputado paraibano Marcondes Gadelha (hoje no PSC), que integrava a ala.
Os autênticos lançaram o nome de Ulysses Guimarães como anticandidato. Com um papel, claro: criticar a ditadura e no final renunciar, antes da sessão do colégio eleitoral, marcada para 15 de janeiro de 1974.
Ulysses, porém, descumpriu o roteiro, manteve sua candidatura e acabou recebendo 76 votos. Geisel foi eleito com 400 votos do partido oficial, a Arena.
Na Paraíba de 2014, em ventos da democracia, a Oposição, que há tempos não se entende, e só tem unidade da boca pra fora, brincou de favoritismo, se esfacelou e, depois do movimento abrupto do prefeito Luciano Cartaxo, corre o risco de, desprovida de alternativas com a resistência do prefeito Romero Rodrigues, recorrer ao instrumento do anti-candidato.
É o que se desenha, por exemplo, quando são ensaiados os nomes de Pedro Cunha Lima, Lucélio Cartaxo e do vice-prefeito Manoel Junior. Quadros que – pelo desempenho pessoal – até podem surpreender no curso da campanha. Mas já entrariam nela com um peso desconfortável nas costas; o de ser candidato pela falta de candidato.