A árvore frondosa é conhecida pelo vigor de sua folhagem e especialmente admirada pela beleza do seus frutos.
Poucos, se apercebem que nenhuma e nem outro exibiriam seu esplendor e aroma não fosse pela força e propriedade de suas raízes.
É por lá, onde tudo começa na vida da árvore.
Debaixo da terra, a raiz faz um trabalho silencioso. Retira do solo a água e os nutrientes que a planta precisa para crescer.
A soma dessas substâncias, a seiva, sobe pelo caule, o sustentáculo da estrutura que vai subindo e ganhando os ares.
Nas folhas, a fotossíntese acontece, num processo que fortifica a planta, retira gás carbônico do ar e libera e oxigênio para a humanidade.
Flores que deslumbram e frutos que alimentam completam a divina e inexplicável obra.
Por mais belo que seja, nada disso acontece, porém, sem as raízes.
Sem elas, não há tronco, folhas, flores e nem frutos. Ela é o sentido primeiro e o fim quando as sementes renovam e recomeçam tudo de novo.
Marizópolis, minha terra natal, onde estou agora e escrevo olhando para o horizonte ensolarado nesta manhã de 26 de dezembro, meu aniversário, é essa raiz da árvore da minha existência.
Aqui está fincada a base que me deu a seiva pura dos primeiros passos, o caule que me sustenta até hoje, as folhas que verdejam meus caminhos, as flores que perfumam meus dias e os frutos dos meus sonhos.
Cada vez que volto, bebo dessa fonte tão cristalina quanto a água que desce pelo riacho da minha infância.
Mergulho pelas veredas de suas entranhas e acho sempre lições, aprendizados e as referências que me guiam.
Revisito meu passado nessas raízes fortes, me acho na copa do presente e dou o devido valor aos frutos que Deus me permitiu colher.
Quando nela estou, revendo amigos, abraçando familiares, sentindo seu mormaço, mirando na sua paisagem tão cara para mim, me convenço que aqui tenho sementes a plantar.
Para que tudo recomece. Para que você, minha amada Marizópolis, sempre renasça, frutifique e viva espalhando flores dentro de mim.