Não é verdade que toda a população teme a presença da Polícia. Alvo de violência crescente, o cidadão deseja muito sonhar com mais policiais na rua para inibir os delitos e as ações criminosas.
Nem é verdade também que em todas as comunidades o olhar das pessoas é de tranquilidade e segurança quando testemunha uma batida ou é alvo de uma abordagem policial.
Parece ter sido isso que a deputada Estela Bezerra quis dizer quando, na Assembleia, enfatizou que em algumas ocasiões e circunstâncias a presença da Polícia causa temor para além dos marginais ou criminosos.
A afirmação não é uma desqualificação e nem muito menos generalização ao trabalho da corporação. É, antes de tudo, uma constatação histórica da diferença de parâmetros do exercício da autoridade a partir dos abordados e de suas condições econômicas, aparências físicas e raça.
Uma pergunta rápida: no geral, quando está diante de um suspeito, a conduta da Polícia é a mesma com um branco, de posses e habitante de áreas nobres em relação ao pobre, negro e morador da periferia? O não é a resposta óbvia.
E isso, infelizmente, não é uma coisa da Paraíba, ou da Polícia da Paraíba. Isso ocorre de João Pessoa a Washington, nos Estados Unidos, o centro do poder no mundo.
Nem muito menos é comportamento restrito à Polícia. Culturalmente, a autoridade apresenta postura e métodos diferenciados no tratamento.
No serviço público é assim, nos hospitais, nos fóruns, nas escolas. No privado também, nas clínicas, restaurantes, shoppings. É uma questão quase antropológica do próprio gênero humano e desde que o mundo é mundo.
É uma realidade que deve ser encarada e enfrentada, sem hipocrisia, ao invés de ser jogada para debaixo do tapete, alimentando o fingimento de que todos são tratados igualmente pelo poder público.
Seria sustentar uma mentira. Dizer a verdade tem um preço. Estela está pagando o seu.