Muito se fala contra a criminalização da política. De fato, não há como viver sem ela na democracia. Dela depende do preço do pãozinho, que interfere na vida do cidadão comum, ao estabelecimento da taxa de juros, coisa do mundo do mercado. Negá-la, portanto, é ignorância.
Por outro lado, o modelo que temos entrou em agonia. Para muitos, morreu de falência múltipla. Pela opção da mercantilização e jogo de corrupção como motor principal de sua existência e vitalidade.
Pela troca de favores e compra e venda do voto. Já deu para o eleitor perceber que este fluxo só lhe deixa com saldo negativo, ao final da contabilidade do presente e, principalmente, do seu futuro.
Outro aspecto. O caminho do financiamento criminoso de campanha, via sangria dos cofres público, para sustentar, ora oficialmente pela maquiagem de doações, ora no despejo de dinheiro do erário para bancar candidaturas em detrimento das estritamente dependentes apenas dos meios legais para subsistir.
Como bem frisou em muitas de suas sentenças o juiz Sérgio Moro, não há que se falar em democracia quando esta é deturpada e deteriorada pela presença de meios ilícitos da obtenção do poder.
Esse é, de fato, o maior crime cometido pelos esquemas de corrupção no Brasil. A desigualdade de condições de competição, na interferência direta no processo democrático e alteração dissimulada, ao final, da vontade do eleitor.
Para o bem das vindouras gerações, esse tipo de política deve ser morta e enterrada. Quem sabe assim ela não ressurja limpa, verdadeira e transparente trazendo outra (e nova) vida.